domingo, 8 de março de 2015

O Beta Hcg

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Já no dia 29, às nove da noite eu não aguentei a agonia e fui para o hospital. Eu estava tendo muita muita muita cólica e precisava do exame de sangue pra confirmar, pra acreditar. Chamei uma amiga pra ir comigo já que o Iuri só chegaria um pouco mais tarde e fui. 

Procedimentos normais de emergência de hospital e depois fui para a consulta. Expliquei para o medico as dores que estava sentindo, a fraqueza e ele me mandou pro soro tomar buscopam pra cólica e fazer um exame de sangue. Nesse meio tempo o Iuri chegou e o soro acabou. O médico que passava no corredor perguntou se eu já havia pego o resultado do exame e após eu dizer que não, ele disse que ia lá no laboratório buscar. Ele vinha caminhando pelo corredor e eu já via escrito na testa dele o resultado. De frente pra mim, pro Iuri e pra Elena (minha amiga que me acompanhou ao hospital) ele disse: então, você disse que não queria tomar o remédio porque não sabia o que tinha? Tá aqui o que você tem, ó, parabéns! 

Naquele momento eu desabei. O resultado do exame Beta Hcg positivo na minha mão e as lágrimas escorrendo aos montes pelo rosto. O pânico triplicou e sentada na cadeira, eu agarrei as pernas na Elena como se fosse uma criança. Tudo o que eu conseguia sentir era pânico. O médico olhou pro Iuri e perguntou: você é o mari..., namo..., pai? O pobre só conseguia fazer que sim com a cabeça e ficou lá colado na parede, estatelado como macarrão jogado na parede. 

{Um adendo: na hora eu não consegui pensar nisso, mas depois eu pensei no quão insensível e antietico foi o médico naquele momento. Primeiro que ele me deu a noticia ali no corredor, na porta do ambulatório, na frente de outras pessoas, expondo todo o meu desespero a todos. Segundo porque ele já havia conversado comigo na consulta sobre a possibilidade de eu estar gravida e visto como isso seria dificil para mim, mas mesmo assim não teve a sensibilidade de me dar a noticia de uma forma mais palatável. Mas aí o estrago já estava feito...}

Fomos encaminhados direto pro andar da Obstetrícia pra consulta com a médica para que ela (aí o machismo de que uma médica mulher conversaria comigo com mais propriedade e sensibilidade) visse se estava tudo bem. Lá ela fez o toque, conversou comigo, disse que estava tudo bem e me encaminhou pra ultra. Um passo de cada vez, um infarto a cada minuto.  

domingo, 1 de março de 2015

O teste de farmácia

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Dia 26 de janeiro de 2015. Talvez esse tenha sido o dia em que eu mais já senti medo em toda a minha vida. Ou talvez o dia em que a temporada do medo começou.


Meu ciclo sempre foi muito regular. Não atrasava, de três em três meses mudava de 28 para 30 dias e qualquer alteração já me deixava de orelha em pé. Por isso neste dia eu resolvi ir à farmácia e comprar um teste de gravidez. Ela já estava seis dias atrasadas e eu estava tendo cólicas absurdas, principalmente na hora de dormir. Subi as escadas, deixei a bolsa sobre a cama, e corri pro banheiro. O nervoso era tanto que eu não quis procurar um recipiente especifico pra fazer o teste e acabei fazendo direto na tirinha.



Resultado: mijei a porcaria da tirinha toda e as duas listrinhas apareceram. Ou seja, POSITIVO. Naquele momento eu só sabia o que era pânico. Eu não sabia se gritava, se chorava, se me jogava da janela. Para a minha sorte, eu estava com o exame na mão e minha mãe abriu a porta do quatro. Só deu tempo de esconder rapido atras de mim e de ficar disfarçando a falta de privacidade com ela perguntando quinze vezes se eu tinha pego algo dela no armário e estava querendo esconder. Antes fosse. E nestes momentos, o nosso cérebro precisa de alguma esperança pra se agarrar e eu acabei me agarrando na possibilidade de eu ter manchado a tirinha quando fiz o xixi. Liguei pro Renato, um amigo meu pedindo socorro, sem nem dizer do que se tratava, aos prantos e ele combinou de passar na minha casa em vinte e cinco minutos.




Neste meio-tempo, corri na farmácia e comprei outro teste. Entrei no restaurante que tem na esquina da minha casa e lá mesmo fiz o teste. Mais duas tirinhas. O pânico duplicou.

Enquanto esperava pelo Renato, liguei para uma amiga que estava em Fortaleza. Ela não sabia se ria ou chorava junto comigo ao telefone. Eu queria correr em direção ao primeiro ônibus que cruzasse a rua, eu não queria lidar com aquilo.


Renato chegou e eu entrei no carro completamente travada, querendo chorar, gritar, sumir, morrer. Tudo o que eu tive forças pra fazer foi cair aos prantos e dizer: eu estou grávida. Ele começou a rir e disse parabéns! Juro, a minha vontade naquele momento foi virar a mão na cara dele. Mas depois do parabéns a primeira pergunta que ele me fez foi: posso saber por que você está chorando? E eu comecei a responder tudo o que vinha a minha mente: meu namorado vai me matar, mas antes vai me largar, eu destrui a vida dele, destruí a minha vida, minha faculdade, meus pais, minha vida, eu não quero ser mãe, não gosto de crianças, mão tenho como ser mãe e mais um monte de coisas que continuavam nesse sentido.



Sentamos na loja de conveniencia para tomar um café e eu peguei uma cerveja. Tivemos uma briga porque ele não queria deixar eu beber. Chegamos ao acordo de Malzebier (mas ele continou de bico por um bom tempo). Conversamos, conversamos e eu morrendo de medo do meu namorado me ligar porque sabia que ele perceberia na minha voz de errado e me pressionaria a falar. Renato queria pegar o carro e ir até a casa do meu namorado. Eu não queria que ele me visse daquele jeito. Dito e feito, meu telefone tocou. Eu atendi com a voz embargada. Um minuto e meio de conversa e ele perguntou o que havia acontecido. Renato gritava - Parabéns, papai! -  por cima de mim pra ver se ele ouvia e eu fugindo pra ele não ouvir. Eu travei, ele forçou e eu acabei falando. Morrendo de medo, tremendo, mas falei. Ele mandou eu me acalmar, disse que tudo ficaria bem e que ia pro futebol, que depois nos falariamos.

Eu não sabia se achava que ele era o melhor homem do mundo ou se ia desligar o telefone e nunca mais olharia na minha cara. Na duvida, tentei me acalmar. No fundo eu sentia um peso por não ter confiado nele e que ele fosse a primeira pessoa a saber. Mas o meu medo da reação dele, da nossa reação juntos e tudo mais era tanto que eu consegui tomar outra atitude.

Mais tarde a noite nos falamos e assim como a minha, a ficha dele ainda não havia caído. Eu continuava em pânico. E agora, ele estava também.
 

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